Conhecer é chegar perto – Uma viagem a Ruanda
Conhecer é chegar perto. Ligar olhos, olfato, ouvidos… pele, paladar, intuição… todos os sentidos. Trocar gestos, imagens, tempos, sorrisos.
Me esvaziar do que sei pra caber você. Transbordar o amor em mim e te oferecer.
Me deixar sondar pelos teus olhos de microscópio. Respirar junto… até saciar a curiosidade.
Te mostrar o que trago, a que venho, o que quero e o que posso te dar.
Não falo a tua língua, mas te observo e sinto a Vida através de você.
Te conheço e compreendo muito além das palavras… Muito além.
(E que bom prescindir delas, assim não preciso escolhê-las).
Para te desvendar, uso o único recurso que temos _ a aproximação.
Digo “oi” com um sorriso. Seguro a tua mãozinha e você entende tudo: vem, pode chegar mais perto.
Minha pele branca, você vê, é como a tua. E tão diferente.
Quantas histórias de um lugar distante essa pele pode te contar?
Você me toca, me sonda em braile. Pelas pontas dos dedinhos, me observa. Sente meus poros ~ já somos íntimos! De agora em diante, pele de “muzumbo” não é mais tão estranha assim.
De onde veio? O que faz aqui?
Tentar dizer, não bastaria.
De perto, te mostro um “espelho” hi-tech.
Susto, espanto, encanto… Risos, gargalhadas!
Alegria também é linguagem universal.
Ao teu lado, num instante, descubro o que vim buscar no coração da África.
Queria sentir a tua força.
O que esperava encontrar, até justo seria: sofrimento, escassez, um tanto de dor.
Chego tarde, talvez.
Vejo cicatrizes sendo incorporadas pelo amor e entusiasmo.
Encontro esperança expressa em olhinhos curiosos, carinhosos, doces… abertos ao outro (corajosos!), sedentos pelo desconhecido (corajosos!).
Se eu não viesse até você, você seria triste para mim. Me aproximei e te vi, forte e feliz.
Sawa sawa!
Conhecer é chegar perto.
Texto e foto: Paula Diniz, junho/2013.