O mundo está ao contrário e ninguém reparou?
Reflexões sobre o iNcÔmoDo
Abismos socioeconômicos, disparates midiáticos e outros paradoxos que me abismam
O mundo (ou a Vida) é um caldeirão que contém os mais impressionantes extremos. Imprensa e mídias de todas as espécies refletem nobrezas, fraquezas e insensatezes humanas sem pudor nem piedade. Diante dessa ‘abismática’ diversidade, vista como injusta ou natural, cada um se confronta com seus próprios sentimentos. Daí aparecem os adjetivos ou qualificadores – nossos escudos. Dentre os que aprendi, escolho os mais adequados para expressar meu grau de indignação, compaixão, revolta, compreensão…
Apesar de mim, dos meus sentimentos e adjetivos, a Vida – generosa e tecida por mistérios – compreende tudo. Se for para crer em algo, creio que estamos imersos nesse enigmático caldeirão para exercitar nossas escolhas e ampliar nossas consciências aprendendo a lidar com nosso caos individual (às vezes, um verdadeiro tornado). Encarar a confusão em mim quando olho para o mundo, observar de onde ela vem, onde ecoa e, sempre que possível, estender ao meu redor a harmonia que consegui acessar mesmo diante de um panorama mentalmente indecifrável para mim – portanto “louco”, “injusto”, “insano” – é uma façanha.
Sempre que consigo, tenho escolhido não bancar a vítima do caldeirão – já entendi que não sou. Me sinto mais forte quando consigo transmutar meu vitimismo em protagonismo.
Bom mesmo é não perder as pequenas oportunidades – aquelas que tantas vezes passam batidas no dia a dia. Pequenas GRANDES oportunidades diárias de melhorar minha postura diante do MEDO que sinto quando não consigo compreender e aceitar o meu redor, quando percebo que não tenho controle sobre alguns mistérios, mas que fluo na Vida e com ela, pois sou parte dela.
Ah, o Medo… Olhos bem abertos para esse cara! Melhor não ignorá-lo. Hoje prefiro escavá-lo, como uma arqueóloga. Quando desvendo o medo, ele perde sua força, evapora, se desmancha no ar…
As sombras do mundo são reflexos das minhas próprias sombras. Prefiro olhar para elas, aceitar que são parte de mim e que temperam o meu “caldo”. Até porque, quando negligenciadas, as sombras crescem demais, viram assombrações e me devoram. Sombras – as minhas e as que reconheço no mundo – só pedem um pouquinho de compaixão: a dose que eu tiver disponível no momento em que algo ou alguém me incomodar e me tirar do eixo.
Se eu não posso mudar ninguém além de mim, melhorar quem eu sou é tudo o que me resta. Não é trabalho fácil porque precisa de atenção constante. Mas é muito possível. A grande recompensa é perceber que quando eu mudo, o mundo muda instantaneamente. Repare. Meu refinamento individual refina o tempero do caldeirão. Prove!
Paula Diniz
Paula, bom dia.
Foi um prazer conhecê-la na DOC e é um prazer ler seus textos aqui no site da Onze. O site/empreendimento é cheio de inspiração, escolha do nome e seus significados, as coincidências, pena que ontem foi 12, senão me colocaria nelas, e tudo aqui.
Depois de ter lido Conversando com Deus abandonei meus medos. Eles são vilões em nossas vidas, fazem partes de expectativas frustradas ou de ideias erradas que quer queira, quer não, colocamos em nossa mente, em nossas vidas. Engraçado como nos enganamos achando que os medos nos fortalecem, e não é nada disso, ele te acua, e no final te faz abandonar uma ideia que poderia ser ótima, ou não dar em nada, enfim, é apenas uma reflexão.
Um beijo e meus parabéns pelo belo trabalho.
Obrigada, Cassiano! Foi um prazer conhecê-lo também. Estou postando um novo texto aqui agora, sobre minha viagem a Ruanda em junho desse ano. Abraço, Paula.
Obrigada, Cassiano, pelo comentário e pela reflexão. Concordo com você em tudo que disse sobre o medo. Abraço, Paula.